ONU arrecada US$ 6,4 bilhões em Conferência de Doadores para a Síria
Fundos devem permitir apoiar 12,3 milhões de pessoas no país e 5,6 milhões de refugiados sírios na região; falando na Assembleia Geral, no final do encontro, chefe da ONU, António Guterres, afirmou que não há solução militar para o conflito que já dura 10 anos.
As Nações Unidas angariaram, esta terça-feira, durante uma Conferência de Doadores em Bruxelas, US$ 6,4 bilhões para financiar a resposta humanitária na Síria. O apelo inicial era de US$ 10 bilhões.
Cerca de US$ 4,4 bilhões devem financiar as operações durante este ano e US$ 2 bilhões serão investidos em 2022 e nos anos seguintes.
Apoio
Depois da conferência, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que a resposta na Síria, que representa “a maior operação humanitária do mundo”, precisa do apoio generoso dos doadores.
Segundo ele, no ano passado, as Nações Unidas e parceiros prestaram assistência a cerca de 7,7 milhões de sírios em média por mês. O número representa um aumento de cerca de 28% em relação a 2019.
Este ano, o objetivo é chegar a cerca de 12,3 milhões de pessoas no território nacional, além de 5,6 milhões de refugiados sírios na região.
Falando à Assembleia Geral, Guterres afirmou que “não existe haver solução militar para o conflito na Síria” e a comunidade internacional deve continuar buscando um acordo político de acordo com a resolução 2254 do Conselho de Segurança, adotada em 2015.
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Segundo ele, “a guerra na Síria não é apenas a guerra da Síria.” Por isso, “acabar com o enorme sofrimento que continua a causar é uma responsabilidade coletiva.”
Antes da reunião, chefes de três agências da ONU pediram que os doadores apoiem o apelo recorde, 10 anos após o início do conflito.
Unesco
Destruição na cidade antiga de Aleppo, na Síria
Os líderes das agências da ONU para Refugiados, Acnur, para o Desenvolvimento, Pnud, e do Escritório de Coordenação para Assistência Humanitária, Ocha, lembram que com o impacto adicional da pandemia, não existe trégua para os civis.
Os sírios enfrentam ainda o aumento da fome e da pobreza, deslocamento contínuo e ataques contínuos.
Cerca de 80% dos refugiados sírios estão em países vizinhos. Mas esses mesmos países lidam com os crescentes desafios socioeconômicos dentro de casa.
Ajuda
Com o novo apelo, espera-se permitir a distribuição de alimentos, água e saneamento, serviços de saúde, educação, vacinação infantil e abrigo para milhões de pessoas.
Ocha/Mahmoud Al-Basha
Cerca de metade das crianças na Síria nunca viveu um dia sem guerra
O dinheiro dos doadores também servirá para gerar oportunidades de emprego ou treinamento, acesso à educação nos sistemas nacionais para milhões de crianças e jovens em países como Jordânia, Líbano, Turquia, Iraque e Egito.
O valor inclui pelo menos US$ 4,2 bilhões para a resposta humanitária dentro da Síria e US$ 5,8 bilhões para refugiados e comunidades anfitriãs na região.
Importância
Em comunicado, o chefe humanitário da ONU, Mark Lowcock, disse que “as condições de vida em queda, declínio econômico e Covid-19 resultam em mais fome, desnutrição e doenças.”
Segundo ele, o número de pessoas que precisam de ajuda é o maior desde o início da guerra.
Lowcock disse ainda que “manter os padrões de vida básicos é um ingrediente essencial para uma paz sustentável”.
Já o ato comissário para Refugiados, Filippo Grandi, acredita que “os ganhos conquistados ao longo dos anos estão em risco.”
Unicef/Khaled Akacha
Crianças em uma área inundada do acampamento Kafr Losin, no noroeste da Síria
Crise
O administrador do Programa da ONU para o Desenvolvimento, Pnud, Achim Steiner, contou que a crise dos últimos 12 meses levou os sírios a um ponto de colapso.
E que “a pobreza e a desigualdade disparam, à medida que centenas de milhares de pessoas perdem seus empregos e meios de subsistência.”
Os países que abrigam refugiados “estão lutando para fornecer serviços básicos como saúde e água.”
Na Conferência de Doadores, do ano passado, a comunidade internacional prometeu US$ 5,5 bilhões em financiamento para apoiar as atividades humanitárias na Síria.