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Dia 11 de Outubro: Dia Mundial da Obesidade - Dia Nacional de Combate a Obesidade

Dia 11 de Outubro: Dia Mundial da Obesidade - Dia Nacional de Combate a Obesidade

Com obesidade em alta, pesquisa mostra brasileiros iniciando vida mais saudável

Vídeo da Abeso – Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica

Estudo aponta possível estabilidade nos dados de obesidade e excesso de peso e mudança nos hábitos dos brasileiros. A prática de atividades e consumo de hortaliças aumentou, e o de refrigerantes e bebidas açucaradas reduziu .

Após anos de crescimento, a prevalência de obesidade e excesso de peso deu uma estagnada nas capitais do país e brasileiros já demonstram hábitos mais saudáveis. Foi o que apontou a Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), de 2017, do Ministério da Saúde. O levantamento trouxe que quase 1 em cada 5 (18,9%) são obesos e que mais da metade da população das capitais brasileiras (54,0%) estão com excesso de peso. Na contramão destes altos percentuais, o consumo regular de frutas e hortaliças cresceu 4,8% (de 2008 a 2017), a prática de atividade física no tempo livre aumentou 24,1% (de 2009 a 2017) e o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 52,8% (de 2007 a 2017).

Mesmo com esta tendência a estabilidade e com o crescimento de pessoas que praticam atividade física e que estão consumindo alimentos mais saudáveis, não podemos deixar de continuar vigilantes. A obesidade e o sobrepeso são portas de entrada para doenças crônicas, como hipertensão e diabetes, que prejudicam a saúde da população e que poderiam ser evitadas, ressaltou a diretora do Departamento de Vigilância de Doenças Crônicas e Agravos não Transmissíveis e Promoção da Saúde (DANTPS), do Ministério da Saúde, Fátima Marinho.

O consumo de refrigerantes e sucos artificiais também em caindo ao longo dos últimos 11 anos. A queda foi de 52,8%, saindo de 30,9%, em 2007, para 14,6% no ano passado. Por faixa etária, a queda é maior (54,0%) entre os adultos com idades entre 25 e 34 anos e idosos com 65 anos e mais. As outras faixas etárias apresentaram queda em torno de 50,0%.

Outro dado positivo que o Vigitel mostra, é que o país tem desenvolvido uma mudança no consumo de frutas e hortaliças. Percebe-se que a ingestão regular (em 5 ou mais dias na semana) destes alimentos aumentou em ambos os sexos, mas o crescimento geral ainda foi menor que 5,0% no período de 2008 a 2017. Quando observado o consumo recomendado, 5 ou mais porções por dia em cinco ou mais dias da semana, houve aumento de mais de 20% entre os adultos de 18 a 24 anos e 35 a 44 anos.

Apesar desta mudança no hábito da população, os níveis de obesidade e excesso de peso ainda preocupam nos jovens. Em dez anos, houve o crescimento de 110% no número de pessoas de 18 a 24 anos que sofrem com obesidade, quase o dobro do aumento em todas as faixas etárias (60%). Nas faixas de 25 a 34 anos houve alta de 69,0%; de 35 a 44 anos (23,0%); 45 a 54 anos (14,0%); de 55 a 64 anos (16,0%); e nos idosos acima de 65 anos houve crescimento de 2,0%.

Quando falamos em excesso de peso, o crescimento foi de 56%. Assim como a obesidade, o excesso de peso também cresceu entre as faixas etárias da população brasileira. De 25 a 34 anos houve alta de 33,0%; de 35 a 44 anos (25,0%); 45 a 54 anos (12,0%); de 55 a 64 anos (8,0%) e nos idosos acima de 65 anos houve crescimento de 14,0%. O dado geral mostra que 54% da população brasileira sofre com excesso de peso.

Para avaliar a obesidade e o excesso de peso, a pesquisa leva em consideração o Índice de Massa Corporal (IMC). Por meio dele, é possível classificar um indivíduo em relação ao seu próprio peso, bem como saber de complicações metabólicas e outros riscos para a saúde.

O Vigitel é uma pesquisa telefônica realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal, sobre diversos assuntos relacionados à saúde. Assim, entre fevereiro e dezembro de 2017, foram entrevistados por telefone 53.034 pessoas.

Ações para incentivar consumo de alimentos saudáveis e queda de obesidade e excesso de peso

O incentivo para uma alimentação saudável e balanceada e a prática de atividades físicas é prioridade do Governo Federal. O Ministério da Saúde adotou internacionalmente metas para frear o crescimento do excesso de peso e obesidade no país. Durante o Encontro Regional para Enfrentamento da Obesidade Infantil, realizado em março, em Brasília, o país assumiu como compromisso deter o crescimento da obesidade na população adulta até 2019, por meio de políticas intersetoriais de saúde e segurança alimentar e nutricional; reduzir o consumo regular de refrigerante e suco artificial em pelo menos 30% na população adulta, até 2019; e ampliar em no mínimo de 17,8% o percentual de adultos que consomem frutas e hortaliças regularmente até 2019.

Outra ação para a promoção da alimentação saudável foi a publicação do Guia Alimentar para a População Brasileira. Reconhecida mundialmente pela abordagem integral da promoção à nutrição adequada, a publicação orienta a população com recomendações sobre alimentação saudável e consumo de alimentos in natura ou minimamente processados. Em parceria com a Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (ABIA), o Ministério também conseguiu retirar mais de 17 mil toneladas de sódio dos alimentos processados em quatro anos. O país também incentiva a prática de atividades físicas por meio do Programa Academia da Saúde com mais 3.800 polos habilitados. 

Obesidade entre crianças e adolescentes aumentou dez vezes em quatro décadas, revela novo estudo do Imperial College London e da OMS

O número de crianças e adolescentes (de cinco a 19 anos) obesos em todo o mundo aumentou dez vezes nas últimas quatro décadas. Se as tendências atuais continuarem, haverá mais crianças e adolescentes com obesidade do que com desnutrição moderada e grave até 2022, de acordo com um novo estudo liderado pelo Imperial College London e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O estudo foi publicado na revista The Lancet um dia antes do Dia Mundial da Obesidade, celebrado em 11 de outubro. A publicação analisou as medidas de peso e altura de cerca de 130 milhões de pessoas com mais de cinco anos de idade (31,5 milhões de pessoas entre os cinco e os 19 anos e 97,4 milhões com mais de 20 anos) - o maior número de participantes envolvidos em um estudo epidemiológico. Mais de 1.000 colaboradores participaram do estudo, que avaliou o índice de massa corporal (IMC) e como a obesidade mudou em todo o mundo entre 1975 e 2016.

As taxas de obesidade em crianças e adolescentes em todo o mundo aumentaram de menos de 1% (equivalente a cinco milhões de meninas e seis milhões de meninos) em 1975 para quase 6% em meninas (50 milhões) e quase 8% em meninos (74 milhões) em 2016. Combinado, o número de obesos com idade entre cinco e 19 anos cresceu mais de dez vezes, de 11 milhões em 1975 para 124 milhões em 2016. Outros 213 milhões estavam com sobrepeso em 2016, mas o número caiu abaixo do limiar para a obesidade.

Marketing de alimentos, políticas e o preço por trás do aumento da obesidade

O principal autor do estudo, professor Majid Ezzati, da Imperials School of Public Health, diz: "Nas últimas quatro décadas, as taxas de obesidade em crianças e adolescentes aumentaram em todo o mundo e continuam a crescer em países de baixa e média renda. Mais recentemente, se estenderam aos países de maior renda, embora os níveis de obesidade permaneçam inaceitavelmente altos".

"Essas tendências preocupantes refletem o impacto do marketing e das políticas de alimentos em todo o mundo, com alimentos nutritivos e saudáveis caros demais para famílias e comunidades pobres. A tendência prevê uma geração de crianças e adolescentes que crescem obesos e com maior risco de doenças como o diabetes. Precisamos de maneiras para tornar o alimento saudável e nutritivo mais disponível em casa e na escola, especialmente entre famílias e comunidades pobres, além de regulamentos e impostos para proteger as crianças de alimentos pouco saudáveis, acrescentou Ezzati.

Até 2022, haverá mais crianças e adolescentes (5-19 anos) obesos do que com desnutrição, que persiste em regiões pobres

Os autores dizem que, se as tendências pós-2000 continuarem, os níveis globais de obesidade infantil e adolescente superarão os de pessoas com desnutrição moderada e grave da mesma faixa etária até 2022. Em 2016, o número global de meninas e meninos com desnutrição moderada e grave foi de 75 milhões e 117 milhões, respectivamente.

No entanto, o grande número de crianças e adolescentes com desnutrição moderada ou grave em 2016 (75 milhões de meninas e 117 milhões de meninos) ainda representa um grande desafio para a saúde pública, especialmente nas partes mais pobres do mundo. Isso reflete a ameaça representada pela má nutrição em todas as suas formas, com jovens com desnutrição e sobrepeso convivendo nas mesmas comunidades.

As crianças e adolescentes passaram rapidamente de uma maioria com desnutrição para uma maioria com sobrepeso em muitos países de média renda, incluindo no Leste Asiático, América Latina e Caribe. Os autores dizem que isso pode refletir um aumento no consumo de alimentos densos em energia, especialmente carboidratos altamente processados, que levam ao aumento de peso e a baixos resultados de saúde ao longo da vida.

Fiona Bull, coordenadora do programa de vigilância e prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis da OMS, afirma: "Esses dados destacam, relembram e reforçam que o sobrepeso e a obesidade são atualmente uma crise mundial de saúde e, ao menos que comecemos a tomar medidas drásticas, deve piorar nos próximos anos.

Existem soluções para reduzir a obesidade infantil e adolescente

Bull acrescenta: "A OMS incentiva os países a implementar esforços para abordar os ambientes que hoje estão aumentando a chance de obesidade em nossas crianças. Os países devem procurar particularmente reduzir o consumo de alimentos baratos, ultraprocessados, densos em calorias e pobres em nutrientes. Também devem reduzir o tempo que as crianças passam em atividades de lazer sedentárias e baseadas em telas, promovendo uma maior participação em atividades físicas por meio de ações recreativas e esportivas".

Ending Childhood Obesity

Junto ao estudo, a OMS lançou o plano de implementação da iniciativa Ending Childhood Obesity (ECHO). O objetivo da publicação é orientar os Estados Membros e outros parceiros sobre as ações necessárias para implementar as recomendações da Comissão. O plano reconhece que a prevalência da obesidade na infância, os fatores de risco que contribuem para esse problema e as situações políticas e econômicas diferentes entre os Estados Membros e fornece informações de apoio relevantes. Baseia-se em seis áreas chave:

  1. Implementação de programas integrais que promovam a ingestão de alimentos saudáveis e reduzam o consumo de alimentos não saudáveis e bebidas açucaradas entre crianças e adolescentes;
  2. Implementação de programas integrais que promovam atividades físicas e reduzam comportamentos sedentários entre crianças e adolescentes;
  3. Integração e fortalecimento das orientações para a prevenção de doenças crônicas não-transmissíveis com orientações atualizadas para o pré-concepção e cuidados pré-natais para reduzir o risco de obesidade na infância;
  4. Fornecimento de orientações e apoio para dietas saudáveis, sono e atividades físicas durante a primeira infância para assegurar que as crianças cresçam apropriadamente e desenvolvam hábitos saudáveis.
  5. Implementação de programas integrais que promovam ambientes escolares saudáveis, aulas sobre saúde e nutrição e atividades físicas entre crianças e adolescentes na idade escolar;
  6. Oferecimento de serviços multicomponentes familiares na gestão de peso e estilo de vida para crianças e jovens que são obesos.

Notas aos editores

O artigo apresenta os primeiros dados abrangentes sobre desnutrição e obesidade entre crianças e adolescentes com idade entre cinco e 19 anos e fornece achados surpreendentes sobre o aumento nos números e taxas de jovens afetados pela obesidade.

O estudo calculou e comparou o índice de massa corporal (IMC) entre crianças, adolescentes e adultos, de 1975 a 2016, e fez projeções com base nas tendências atuais nas taxas de obesidade. O IMC é uma medida de peso e do índice de massa corporal em relação à altura de uma pessoa e indica se o seu peso é saudável.

O cálculo do IMC é a maneira mais simples de avaliar o status de peso de uma pessoa e a ferramenta mais comumente usada para determinar a desnutrição, peso saudável, sobrepeso e obesidade.

A ação para reduzir a obesidade é um elemento-chave da Agenda para o Desenvolvimento Sustentável 2030. O Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 2.2 insta o mundo a acabar com todas as formas de má nutrição até 2030, entre elas o sobrepeso e a obesidade. O ODS 3.4 insta os países a reduzirem as mortes prematuras por doenças crônicas não-transmissíveis em um terço até 2030, inclusive por meio da prevenção da obesidade.

Os resultados também mostraram que:

Dados globais sobre obesidade e desnutrição

Em 2016, havia 50 milhões de meninas e 74 milhões de meninos com obesidade no mundo, enquanto o número global de meninas e meninos com desnutrição moderada e grave era de 75 milhões e 117 milhões, respectivamente.

O número de adultos obesos aumentou de 100 milhões em 1975 (69 milhões de mulheres, 31 milhões de homens) para 671 milhões em 2016 (390 milhões de mulheres, 281 milhões de homens). Outros 1,3 bilhões de adultos tinham sobrepeso, mas caíram abaixo do limiar de obesidade.

Dados regionais/nacionais sobre obesidade, IMC e desnutrição

Obesidade: O aumento das taxas de obesidade infantil e adolescente em países de baixa e média renda, especialmente na Ásia, tem se acelerado. Por outro lado, o aumento da obesidade infantil e adolescente em países de alta renda diminuiu e se estabilizou.

Em 2016, a taxa de obesidade foi maior na Polinésia e na Micronésia em meninos e meninas, com 25,4% em meninas e 22,4% em meninos, seguidas por regiões de língua inglesa de alta renda, que incluem os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Irlanda e Reino Unido.

As áreas com o maior aumento no número de crianças e adolescentes obesos foram o Leste Asiático, regiões de alta renda de língua inglesa, Oriente Médio e o Norte da África. Nauru foi o país com maior prevalência de obesidade entre meninas (33,4%) e as Ilhas Cook apresentaram o maior número de meninos obesos (33,3%).

Na Europa, meninas em Malta e meninos na Grécia apresentaram as maiores taxas de obesidade, que representaram 11,3% e 16,7% da população, respectivamente. Meninas e meninos na Moldávia apresentaram taxas de obesidade mais baixas, com 3,2% e 5% da população, respectivamente.

Meninas no Reino Unido tinham a 73ª maior taxa de obesidade do mundo (6ª na Europa); meninos tinham a 84ª maior taxa obesidade do mundo (18ª na Europa). Meninas nos EUA tinham a 15ª maior taxa de obesidade do mundo; meninos tinham a 12ª maior taxa de obesidade. Entre países de alta renda, os Estados Unidos apresentaram as maiores taxas de obesidade para meninas e meninos.

IMC: O maior aumento do IMC entre crianças e adolescentes durante as quatro décadas ocorreu na Polinésia e na Micronésia, tanto para meninos quanto para meninas, e no centro da América Latina para meninas. O menor aumento do IMC de crianças e adolescentes durante as quatro décadas cobertas pelo estudo foi percebido na Europa Oriental.

O país com o maior aumento de IMC para meninas foi Samoa, que cresceu 5,6 kg/m2. Para meninos, foram as Ilhas Cook: 4,4 kg/m2.

Desnutrição: A Índia apresentou a maior prevalência de desnutrição moderada e grave durante estas quatro décadas (24,4% das meninas e 39,3% dos meninos apresentaram desnutrição moderada ou grave em 1975 e 22,7% e 30,7% em 2016). Noventa e sete milhões das crianças e adolescentes nessas condições viviam na Índia em 2016.

Ingrid Castilho e Victor Maciel, da Agência Saúde - Organização Mundia da Saúde

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